Estamos num mundo cada vez mais globalizado, com avanços científicos e tecnológicos, onde educação e trabalho se fazem importantes para o processo de humanização. Porém, o modo de produção capitalista dominante imposto em nossa sociedade retrocede esse processo.
Segundo Acácia Kuenzer, citada por Saviani (2008), existem duas expressões que caracterizam a prática pedagógica dominante, baseada e influenciada pelo capitalismo: a “exclusão includente” e a “inclusão excludente”.
A “exclusão includente” acontece na área do mercado de trabalho, por meio de ações que levam à exclusão do trabalhador do trabalho formal, e reincluídos na informalidade ou na submissão e exploração. O trabalhador é, então, exonerado, perdendo todos os seus direitos previdenciários e trabalhistas, e excluído, volta a ser incluído de forma subalterna e precária, ou seja, num mercado informal.
A “inclusão excludente” acontece no campo pedagógico-escolar, por meio da inclusão de alunos em cursos de diversas modalidades e níveis, porém sem qualidade para torná-los aptos a atuar no mercado de trabalho. Exemplos disso são cursos rápidos e supletivos que se preocupam em apenas formar simples empregáveis para o mercado de trabalho. Diante da exigibilidade do mercado trabalhista, esses indivíduos acabam sendo excluídos da cadeia produtiva.
“Exclusão includente” e “inclusão excludente” estão interligadas, pois: imagine que um trabalhador passe pela “exclusão includente”, e deseje melhorar de vida. A primeira opção seria buscar qualificação. Devido à falta de tempo, opta por cursos rápidos e acaba sofrendo “inclusão excludente”. Assim como alguém que inicia sua
profissionalização com cursos sem qualidade, passa pelo processo de “inclusão excludente”, e ao se inserir no mercado de trabalho, passa pela “exclusão includente”. Sendo assim, esses dois processos estão totalmente relacionados.
Portanto, é necessário que a educação reestruture suas práticas pedagógicas, de modo a não atender aos interesses do capitalismo dominante opressor, mas atender à formação integral do ser humano, por meio de teorias e práticas emancipatórias, que prepare o educando para a vida trabalhista e social.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2008.
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