O professor, além de fazer
o seu trabalho de ensinar, também acaba fazendo parte da vida do aluno, de sua
realidade, de sua construção cognitiva e de sua evolução na aprendizagem. Mas
muitas vezes, o professor acaba assumindo papel de psicólogo, devido às
circunstâncias e problemas vivenciados em sala de aula: o fracasso escolar, o
baixo rendimento do aluno, a falta de atenção do aluno, o comportamento
inadequado, enfim.
Diante disso, a
medicalização na educação ocorre quando os comportamentos dos alunos são
tratados como se fossem problemas médicos, e que se acredita que a solução será
sempre recorrer a serviços de saúde. Desse modo, a medicalização acontece
quando um profissional da educação problematiza o comportamento do aluno e seu
fracasso escolar como resultado de problemas psicológicos e neurológicos.
A questão do fracasso
escolar, se mal interpretada, pode levar à exclusão social e culpabilização do
aluno, do professor, da família e pode ser vista também como um problema de
saúde - psicológico.
O professor ao lidar com o
fracasso escolar dos alunos, não deve generalizar e diagnosticar um problema de
saúde, ou um problema familiar, por exemplo. Para atuar nessa parte, a escola
conta com a ajuda do psicopedagogo. Ao invés disso, deve-se centrar num ensino
de qualidade, que contribua para uma formação integral de todas as dimensões
humanas de seus alunos. A escola, assim como o professor, deve proporcionar
condições que levem ao máximo de desenvolvimento de seus alunos.
Sendo assim, o caminho a
ser seguido não é medicalizar, mas auxiliar os alunos a concentrar sua atenção
no processo de ensino-aprendizagem, por meio de aulas dinâmicas e dialogadas,
para proporcionar relações saudáveis e de respeito mútuo. Acredito que
diagnósticos feitos por alguém sem ter conhecimento na área leva à exclusão
social. Por isso, a questão do fracasso escolar se trata de rever o processo de
ensino-aprendizagem, e sua relação com o meio social.
MEIRA, Marisa
Eugênia Melillo. Para uma crítica da medicalização na educação. Revista Semestral da Associação Brasileira de
Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo. Volume 16, Número 1, Jan./Jun. 2012: p. 135-142.
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